07/03 - CONFIRA O DISCURSO DO PARANINFO DA TURMA 5º A/2015

Os Bacharéis do 5º Ano A/2015, da Faculdade de Direito de Varginha, tiveram grandes emoções na Solenidade de Colação de Grau que ocorreu no dia 04/03. 

Um deles, com certeza, foi a linda mensagem que o Paraninfo da Turma, Prof. Gustavo de Oliveira Chalfun, transmitida em seu discurso, o qual, permitido pelo nobre mestre, encontra-se abaixo. 

 

"EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE VARGINHA, ENTIDADE MANTENEDORA DESTA FACULDADE.

 

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DIRETOR DA FACULDADE DE DIREITO DE VARGINHA,

 

EXCELENTÍSSIMO SENHOR COORDENADOR DO CURSO,

 

EXCELENTÍSSIMO SENHOR,

 

AUTORIDADES,

 

SENHORES E SENHORAS FAMILIARES DOS FORMANDOS,

 

MEUS QUERIDOS AFILHADOS E AFILHADAS,

 

 

            Hoje é um dia extremamente especial para cada um de vocês. Extremamente especial, porque denota um ciclo que se iniciou há pouco mais de 05(cinco) anos.

 

            05(cinco) anos de dedicação, de desafios, de compromisso e de atitude.

 

            05(cinco) anos em que surgiram amizades sinceras, pessoas especiais, momentos marcantes e únicos, e que representam uma espécie de ponte sobre a qual todos nós, profissionais do direito, devemos passar.

 

            A ponte que transforma os que chegaram meninos e meninas em homens e mulheres, cientistas do direito. 

 

            A ponte que nos eleva a uma condição de pensadores críticos, responsáveis por dar sequência a uma ciência que de maneira brilhante, promove e produz paz social.

 

            Existem presentes que somente nós, professores, recebemos. Um deles, certamente é a grandiosidade do convívio diário com os acadêmicos. Jovens em espirito e de alma grande. Seres sequiosos pelo saber, mas que mais ensinam do que aprendem.

 

            O maior dos presentes que um professor pode receber, é a láurea de ser distinguido como paraninfo de uma determinada turma de alunos. Certamente, a maior láurea acadêmica recebida, maior que qualquer honraria que a vida docente pode nos outorgar.

 

            Digo-lhes de coração aberto e com muito amor em minhas palavras: Ser paraninfo dessa valorosa turma, faz com que este professor se revista e reinvente cotidianamente, atribuindo-me, doravante, uma responsabilidade da qual não poderei me furtar. 

 

            Cabe-me a honrada missão de neste momento solene, dizer-lhes algumas palavras que poderão ajudar-lhes em suas vidas profissionais e pessoais, causando-me a certeza  de que nem se lhes falasse pela noite toda, seria suficiente para preencher os espaços necessários para sanar-lhes as dúvidas e trazer-lhes as respostas que suas justas questões os aflingem.

 

            Não tenho a pretensão de ser o dono de suas respostas, pois acredito que apadrinhar alunos do quilate de cada um de vocês, não me autoriza a pretensiosamente acreditar que lhes darei o caminho das vitórias, a superação das angústias e a certeza de que o futuro será o melhor dos melhores.

 

            Não porque não lhes desejasse. Não porque não pudesse compartilhar com cada um de vocês, um receituário pronto de como alcançar êxito em suas carreiras (para isso existem valorosas obras no mercado). Não quero e não ouso fazer desta oração um manual de alcance e do próximo passo a ser dado por cada um dos meus queridos formandos.

 

            Não, não e não!

 

            Vivemos a revolução digital da brevidade. Suprimimos palavras; Suprimimos emoções. Suprimimos sentimentos. E por isso, dentro da necessária brevidade, tentarei ser claro e objetivo, sem nada suprimir para passar-lhes algo com o qual penso que terei cumprido a honrada missão a que me submeteram.

 

            Em algum momento de nossas aulas, certamente manifestei a esse seleto grupo, que a modernidade trouxe avanços que não podem ser desprezados. Um deles, certamente diz respeito à era digital. Ao real compartilhamento da informação, da essência do tempo real, caracterizado por um sem número de opções que permitem ao cidadão  acessar banco de informações que em minutos, o torna médico, advogado, engenheiro, cirurgião dentista. 

 

            Falo de um dos maiores cidadãos do mundo digital: “o Dr. Google”. 

 

            Jocosidade à parte, fiz alusão ao nosso amigo de faculdade (desculpe), para dizer-lhes das facilidades de aprendizado disponíveis nos dias atuais, e isso faz com que a distancia entre professor e aluno se encurte a permitir-me afirmar, que desde o dia em que nos conhecemos estamos todos, sem exceção, no mesmo barco e que nenhuma distância há entre o professor da atualidade e seus alunos.

 

            Portanto, não vos falo como superior. Não vos falo como seu redentor acadêmico. Quero falar-lhes como amigo. Como um padrinho amigo que se preocupa com seus afilhados.

 

            Meus queridos e minhas queridas,

 

            Vivemos um tempo sombrio em nossa nação. Um tempo em que são desmascaradas uma série de denúncias, de evidências e de fatos que por si só, seriam suficientes a tornar triste o dia mais importante da vidas estudantis de vocês. Por isso, não quero fazer deste momento sublime um momento de trazer à tona todo esse lamaçal que corrói a sociedade brasileira e que poderia nos permitir citar Rui Barbosa em seu famoso discurso proferido no Senado Brasileiro (e vejam onde), em que afirma: "De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”

 

        Quão moderna e relevante é essa citação. Quão importante ela se faz nos dias atuais.

 

          Mas como acabei de afirmar, não quero aqui fazer dessa noite uma noite triste. 

 

         Para isso, já existem as tribunas nos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, onde compete aos nossos representantes fazerem valer suas atribuições e provarem que nosso país ainda é digno da "Canção do exílio" de Gonçalves dias, e que nossas raízes libertárias nos tirarão dessa avalanche de atrocidades que nos envergonha mundo afora.

 

         Meus amigos, quero falar-lhes de alguns sentimentos que nos são caros e que são necessários para que cada um de vocês extraia de si de hoje em diante o melhor.

 

          O melhor de suas almas, o melhor das suas inúmeras qualidades, o melhor dos vossos interiores.

          Começo falando do amor.

 

          Desse sentimento tão nobre e tão complexo.

 

         Tão nobre, que se faz presente desde os primeiros mandamentos, quando nos é preconizado a "amar a Deus sobre todas as coisas".

          

         Amem, meus queridos. Amem a si mesmos.

 

         Sabendo que cada um de nós é um pequeno ser que é capaz de produzir grandes coisas. 

 

         Amem na exata acepção da palavra. Amem seu próximo. Amem seus familiares. Amem àqueles com os quais decidirem viver a plenitude das suas vidas. 

 

         Amem também a profissão que escolheram. A profissão das liberdades. A profissão das propriedades. A profissão dos direitos fundamentais. A profissão que juraram solenemente servir e que como eu disse no início de minha manifestação, promove e produz paz social.

 

         Sem demérito de qualquer outro ofício ou profissão, em minha concepção, nada, mais nada mesmo, é capaz de se comparar ao Direito. A essa ciência que do seu subjetivismo, promove Justiça pela sua aplicação e que reconhece que quando se conflitar com ela (com a Justiça), que esta prevaleça, para a propagação da paz entre os povos.

 

         Portanto, extraiam dos seus atos futuros a máxima do amor. 

 

         Erich Fromm, psicanalista alemão, filósofo e sociólogo, sustentou que ao contrário da crença comum, o amor não é algo “fácil de ocorrer”, ou espontâneo. É algo que deve ser aprendido e cultivado.

 

         Aprender o amor, significa amar. E amar significa certamente aprender a conviver com o semelhante, vivenciando suas diferenças e aceitando-as, como marco conciliatório e democrático de nossas existências.

 

         Discorro agora sobre a sabedoria.

 

        Sejam sábios. Sejam sábios para concluírem, inicialmente, que nada sabemos.

 

        Sejam sábios para alcançarem a virtude da humildade. Sejam humildes para alçar grandes voos. 

 

         Valorizem os mais velhos, pois um belo futuro não existe sem um passado pautado na retidão de conduta e baseado experiência daqueles que já viveram o que doravante todos vocês irão passar

 

            Sejam sábios para compreenderem que não só nas valiosas lições de Fernando Pessoa, “tudo vale a pena se a alma não é pequena”, porquanto estarão submetidos a um mundo novo e desafiador  e que a sabedoria há de lhes servir, como instrumento de alcance da felicidade.

 

            Felicidade, esse sentimento que não pode ser fugaz e efêmero, mas que também não é infindo e perpétuo  e que pode ser bem descrita na letra da música de “Seu Jorge”, que leva seu nome e aqui peço licença para retratar-lhes uma pequena parte:

 

"Felicidade, é viver na sua companhia

Felicidade, é estar contigo todo dia

Felicidade, é sentir o cheiro dessa flor
Felicidade, é saber que eu tenho seu amor”

 

            Meus afilhados, vejam que esses sentimentos se misturam. Como também se misturam nesse momento, no meu interior, as melhores sensações. 

 

            A sensação de que valeu a pena cada momento com cada um de vocês. Que vale a pena pensar e refletir o Direito e que minha atividade acadêmica (e perdoem minha insensatez), tem sido útil para o progresso e futuro das gerações de juristas de nossa região. E sou grato a Deus por essa oportunidade.

 

            Amor, sabedoria e felicidade.  Três dos mais nobres sentimentos, que somados, poderiam ser um manual de conduta dos bacharéis em Direito desta noite. 

 

            Mas sabemos que a vida não nos permite a criação de um manual ou de um programa automatizado de “como agir nos próximos dias e anos de minha vida”. 

 

            A vida é um livro em que a cada dia escrevemos um novo capítulo. E hoje, certamente vocês escrevem um capítulo importante. Um capítulo destinado a permitir a transposição do presente para o futuro. Um caminho que me permite, afirmar sem medo de errar: vocês merecem o que o mundo puder outorgar-lhes de melhor. 

 

            E dentre as várias formas que poderia afirmar ser a receita do sucesso e da felicidade, prefiro ser cauteloso para também entregar-lhes uma responsabilidade e citar Gandhi para afirmar-lhes: “Seja você a mudança que deseja ver no mundo”, pois assim agindo, certamente serão felizes e bem sucedidos, à medida em que cumprem seu papel na convivência social.

 

            Sim. Ser feliz e bem-sucedido é a finalidade máxima de nossa passagem nesse mundo corpóreo. Mas não digo-lhes aqui da felicidade e sucesso materializadas pelo poder e riqueza.

 

            A riqueza material destituída da paz interior é como uma casca de ovo vulnerável ao primeiro impacto.

 

            Digo-lhes da riqueza ampla. Pautada por bases sólidas e indestrutíveis que superam as adversidades e temporais a que estamos submetidos nos capítulos mais difíceis do nosso livro chamado Vida.

 

            Prometi-lhes ser breve. Não tão breve como um torpedo, whatsapp, ou mensagens eletrônicas. 

 

            Peço-lhes licença, para dizer-lhes que, neste particular sou privilegiado, pois ainda sou do tempo das cartas escritas à mão, em que direcionávamos aos nossos primeiros amores, mas também sou do tempo do msn, orkut, facebook e tantas outras mídias sociais.

 

            Sou da geração que nasceu diante da efervescência dos envios de cartas pelos correios, mas que se formou, diante do universo que nos concentra todos juntos, em um piscar de olhos, pela velocidade extrema da internet.

 

            Tenho a obrigação de passar-lhes uma mensagem que não seja tão breve como o torpedo, mas também não seja tão demorada como nosso falido sistema judicial.

 

            Assim sendo, sinto que minha mensagem já está nesse meio-termo entre a brevidade e a lentidão, e por isso entendo que a hora é de nos despedirmos temporariamente.

 

            Despeço-me, pedindo que todas as lições estudadas ao longo dos últimos 05(cinco) anos, sejam a base para o alcance de seus objetivos.

 

            Mas pautem seus atos, sempre medindo-os com sua própria régua. O que não quiserem para ti mesmos, não queiram a teu próximo.

 

            Sejam leais. Leais para consigo mesmo, leais para com seus adversários profissionais, leais para com a sociedade que muito espera de cada um de vocês.

  

            Sejam éticos. Éticos não só para com os Códigos das mais diversas profissões que possam abraçar. 

 

            Ética, dentro de um contexto social em que o Direito, enquanto ciência, é o bastião maior desta sociedade desacreditada, mas que quer crer que ainda pode ser uma República.

 

            Sejam generosos. Nós fazemos parte de uma minoria privilegiada que teve a oportunidade de ter o conhecimento como bem maior adquirido ao longo de nossas vãs existências. Mas para sermos generosos, é preciso crer no amor ao próximo, como premissa básica ao alcance daqueles três sentimentos citados: o amor, a felicidade e a sabedoria.

 

            Sendo leais, éticos e generosos, não há mal que consiga prosperar, não há tempestade que há de se firmar  e verão brotar em solo fértil o amor, para com sabedoria, alcançar a felicidade.

 

            Que Deus permita que vocês alcem os voos que desejarem. E que nesse voo da vida, me tenham como um passageiro fidelizado à sua companhia aérea, para que quando precisarem, eu esteja bem próximo, para poder-lhes abraçar e dizer-lhes: meu afilhado, minha afilhada, que alegria reencontrá-lo(a) e que felicidade a minha poder lhe chamar, de meu amigo ou minha amiga.

 

            Um afetuoso abraço, com a certeza de que o dia de hoje é para vocês o primeiro dia de uma nova era."

 

Prof. Mestre Gustavo de Oliveira Chalfun

Professor da Faculdade de Direito de Varginha

 

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