Por psicóloga Isabel Cristina da Costa Bemfica
No dia 25 e 26 de setembro de 2017, foi realizado no Salão Nobre da Fadiva o Curso de Capacitação de Instrutores da Oficina de Parentalidade. O referido curso foi ministrado pela Dra. Vanessa Aufiero da Rocha, Juiza de Direito do Estado de São Paulo e Dra. Fabiana Cristina Aider da Silva, Psicóloga em São Vicente – SP. O convite foi feito pela Dra. Adriana Fonseca Barbosa Mendes, Juiza de Direito da 3ª Vara Cível de Varginha. O curso contou com vários profissionais e estudantes de Direito.
Foi de grande valia para nós profissionais e para os alunos assistir o que nos foi passado pela Dra. Vanessa e Dra. Fabiana. São dotadas de um talento nato para motivar, sensibilizar e estimular os alunos e demais presentes no curso.
Realizaram um trabalho de grande responsabilidade e seriedade. Conseguiram passar para todos, esse importante conteúdo de uma forma alegre e leve. Foi um sucesso e uma satisfação enorme contar com a presença destas duas profissionais.
O Projeto de Parentalidade surgiu nos Estados Unidos e no Canadá, e foi trazido para o Brasil pela Juíza de Direito Dra.Vanessa Aufiero da Rocha, que o pôs em prática em São Vicente – SP. Em razão da aceitação e dos resultados positivos, a idéia foi encampada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que o adotou como política institucional. O Poder Judiciário o chamou de Oficina de Parentalidade ou Oficina de Pais e Filhos.
Já foi implantado em vários estados, e a intenção é que ocorra em todo o País.
Dra. Adriana, Juiza de Direito, pretende, em breve, implantar a oficina de pais e filhos em Varginha.
A grande missão do Poder Judiciário é dar concretização aos direitos sociais e garantir a paz social. É necessário ter inteligência emocional e sensibilidade social. Não se deve ter apenas inteligência técnico jurídico. É preciso penetar na alma humana e ser mais humano em todos os sentidos.
PARENTALIDADE E DIVÓRCIO
A vida de todo indivíduo envolve separações, transformações, perdas e ganhos. Dentre todos estes avanços e retrocessos, o divórcio caracteriza-se enquanto um período de mudanças na vida, valores, hábitos, rotina do indivíduo e da família.
Quase metade dos casais casados nos últimos anos chegaram ao divórcio, e o número segue crescendo em uma taxa alarmante. Percebe-se que é mais fácil hoje em dia conseguir um divórcio do que conversar sobre seus problemas.
O número no Brasil cresceu 160% em 10 anos. A mudança da Lei, é a primeira, mas não a única das razões para o aumento dos divórcios. Existem outras razões como: monotonia, falta de compromisso, imaturidade, infidelidade, intimidade, expectativas irreais, opiniões diferenciadas, dinheiro, dentre outras razões.
O divórcio é um momento difícil, tanto para os pais, como para os filhos. Pode tornar-se devastador para os mesmos, que ficam alvo da disputa, descarga de irritação e frustração dos pais. Traz muita dor, mágoa, perda do sonho do amor eterno, mudanças sociais, depressão, culpa, raiva e outros sentimentos.
O filho sofre porque vai diminuir a convivência com os pais, haverá queda no padrão de vida, fica triste, irritado, quieto, sentem muito com a mudança de residência e não aceita bem conviver com o novo casamento de seu pai ou mãe.
Nem todo divórcio causa traumas aos filhos. Os pais devem saber conversar com eles, não devem usá-los como mensagem, brigar perto deles, o pai não deve falar mal da mãe e nem a mãe do pai. Quanto isto acontece, ocorre a Síndrome da Alienação Parental, onde os cônjuges coloca o filho contra a mãe ou vice versa, fazendo com que aja o afastamento de um dos genitores. Isto só cria fortes sentimentos de ansiedade, raiva, tristeza em relação ao outro genitor. Neste processo vingativo, o filho é utilizado como instrumento de agressividade direcionada ao parceiro. Não deve denegrir a imagem do outro cônjuge, pois a criança pode ter sentimentos de ódio, raiva, pode apresentar, também, distúrbios psicológicos como: depressão, ansiedade e pânico; podem cometer suicídio e utilizar drogas e álcool como fora de dividir a dor.
A alienação parental é um problema social, que silenciosamente, traz conseqüências nefastas para as gerações futuras. Os filhos precisam de ambos: PAI e MÃE.
Infelizmente, o divórcio é o segundo acontecimento que mais causa impactos negativos na vida do ser humano. Perde apenas para a morte.
A família não se extingue com o divórcio. Hoje não se tem mais um conceito Uno de família. O Estado já reconheceu no nosso ordenamento outros tipos de família, tais como: Nuclear, monoparental, binuclear, unipessoal, ampliada, homoafetiva e outras.
Torna-se fundamental que os pais saibam isolar os seus conflitos dos seus filhos, ou seja, que não envolvam os filhos no conflito e não exponham os conflitos na presença dos filhos. É importante que os pais se sintam responsáveis, que preservem um conduta coerente afetiva e educativa, mantendo sempre bem informados e apoiados, para que as crianças ou jovens se sintam amadas e seguros.
Os pais tem que ter consciência de que as funções da parentalidade não se alteram em função de estarem juntos ou separados. É muito importante para um desenvolvimento psicológico saudável dos filhos que eles sintam segurança afetiva de “amor” de ambos os pais. Os pais devem buscar compreender seus filhos, evitando discussões e situações tensas com os mesmos.